Muito colorido, muitas luzes, som e animação na primeira festa da diversidade de Conceição do Coité
A chuva que caiu no fim da tarde e manteve ameaçando cair durante a noite na cidade de Conceição do Coité, não intimidou o público de gays, lésbicas, bissexuais, transgêneros e simpatizantes, que lotou as dependências da Associação Cultural Castro Alves, na noite de sábado (10), para participar da primeira festa da diversidade.
Segundo o presidente de Clube, Jackson Ferreira, a idéia da festa surgiu depois que ele assistiu a um filme na rede globo chamado ´o segredo`. "Pensamos em fazer uma festa dedicada à comunidade GLS. Convocamos alguns deles, externamos nosso pensamento, foi aceito e iniciamos a divulgação e a mobilização, e o resultado foi coroado de êxito", falou.
De acordo com Ferreira, toda formatação, iluminação e a pista de dança, com direito a música eletrônica no último volume, drinques servidos de bandeja e muita animação, foi tudo organizado pelos membros do GLS.
A festa teve, além de divertir a comunidade, o objetivo de chamar a atenção da sociedade para os problemas enfrentados por lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, vítimas do preconceito e da intolerância. "Não houve reação das pessoas comuns, pois, hoje em dia todos têm um amigo gay, um colega gay na sala de aula, no trabalho, aqui no clube temos sócios gays, enfim, isto hoje é normal", lembrou Jackson.
Ele disse ainda ao CN que recebeu duas ligações anônimas e lhe ameaçou. Um deles, segundo o presidente, teria dito que era religioso e falou algumas coisas desagradáveis e perguntou se eu não tinha medo de Deus e "respondi que tinha medo dele".
O primeiro a chegar à festa foi Damião da Costa, natural de Riachão do Jacuipe, conhecida por Monique Bomba. Segundo ele (a), sua mãe não aceita até hoje a sua opção sexual, decidida quando tinha doze anos. "Moro com minha avó e quando soube da festa, fiquei feliz, pois isto vai contribuir para acabar o preconceito", falou Monique.
Esdras, o "DJ Mercury", disse que a cidade de Conceição do Coité estava necessitando desta iniciativa, pois "observamos que o nosso município tem um público GLS muito grande e o clima foi de alegria e tranqüilidade". Além do DJ, houve apresentação de outros DJs e drag queens.
A bandeira com o tradicional arco-íris colorido foi fixada na porta do clube durante toda semana e a pequenas bandeiras foram colocadas no quiosque, além de todo cenário ser uma grande e colorida festa.
A história de Lana - Djalma Araújo Pereira, 78 anos, conhecido por Lana, natural de Pé de Serra, reside ha mais de quarenta anos em Coité, foi homenageado como "avó da festa". "Foi muito difícil, pois, se hoje nós somos descriminados, imaginem naquela época, pois eu assumi a minha sexualidade aos doze anos", contou Lana.
Ele lembrou que foi um escândalo quando resolveu "soltar a franga", mas, com o tempo todos tiveram que aceitar. Sua mãe começou a lhe chamar de Lana e todos o acompanharam, até que a situação normalizou.
"Uma das diferenças para hoje, era o fato de ser homossexual por prazer e hoje muitos fazem por dinheiro", lembrou Lana. Para ele, a concorrência hoje é muito grande, pois "naquele tempo", os homens procuravam os gays, hoje os gays é que procuram os homens.
segunda-feira, 12 de abril de 2010
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» Pelo menos 200 pessoas participam da Festa da Diversidade em Coité
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