De branco Rômulo Fontoura, de marron Ismar e de azul Ricardo
Sitio paleontológico é descoberto em Baixa Grande. Por iniciativa do vereador Rômulo Fontoura de Baixa Grande e o dono da propriedade em Lagoa do Rumo “ Seu João “, estudos se aprofunda e indica a criação de um museu em Baixa Grande, o turismo poderá chegar a 30 mil visitantes por ano a partir de 2014.
Sitio paleontológico é descoberto em Baixa Grande. Por iniciativa do vereador Rômulo Fontoura de Baixa Grande e o dono da propriedade em Lagoa do Rumo “ Seu João “, estudos se aprofunda e indica a criação de um museu em Baixa Grande, o turismo poderá chegar a 30 mil visitantes por ano a partir de 2014.
Zoneamento da área escavada
Utilização de retroescavadeira para a remoção da camada de lama que cobre o nível fossilífero.
Retirando
um bloco de rocha contendo uma defesa de Stegomastodon waringi. Um
árduo e sistemático trabalho que levou 3 dias para ser concluído com
sucesso.
Leia entrevista abaixo do pesquisando Ricardo sobre os achados:
Ricardo, qual a importância dos achados para Baixa Grande e para a paleontologia ?
A
importância, como todos os achados paleontológicos, é enorme. O
depósito fossilífero da Lagoa do Rumo tem sido sistematicamente escavado
desde fevereiro de 2008, revelando fósseis de mamíferos extintos há
aproximadamente 10.000 anos. Os registros destes fósseis são comuns no
Nordeste brasileiro, principalmente nos tanques do Planalto da Borborema
localizados nos estados de Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Paraíba, Ceará
e Rio Grande do Norte. Na Bahia, suas ocorrências ocorrem
predominantemente nas cavernas da Chapada Diamantina, sendo poucos os
registros em tanques baianos.
É possível haver geração de renda e turismo por conta deste achados?
Sim,
é possível. Para tal faz-se necessário a criação de um Museu de
Paleontologia, como ocorre em diversas cidades de pequeno e médio porte
por todo o Brasil (ex: Santana do Cariri (PE), Peirópolis (MG), Souza
(PB), Maravilha (SE), entre outros). A partir da criação do museu de
Paleontologia parte deste material poderá ficar no Município de Baixa
Grande, promovendo desta forma uma exposição permanente representando os
achados do município. Porém não basta somente criar o Museu, mas também
divulgá-lo. Desta forma moradores de cidades vizinhas, viajantes a
caminho da Chapada Diamantina, entre outros, poderão visitar o município
e aquecer a economia local.
Quantos tipo de animais foram encontrados e qual a datação dos mesmo?
Foram
encontrados os seguintes animais: Eremotherium laurillardi, a maior das
preguiças gigantes; Panochthus greslebini, um “tatu” gigante;
Stegomastodo waringi, o extinto elefante sulamericano; um Toxodontinae,
animal herbívoro de grande porte, semelhante ao hipopótamo. Nos dois
últimos anos novas descobertas foram feitas: a presença de uma outra
espécie de preguiça terrícola, Catonyx cuvieri; a presença de um Tayassu
sp. (porco do mato, animal ainda vivente); além de mais duas espécies
de tatus gigantes, representados por fragmentos de suas carapaças:
Pampatherium humbolditi e Glyptodon clavipes. As datações realizadas em
fósseis do depósito apontaram uma acentuada mistura temporal na
assembléia fossilífera. Um artigo científico acaba de ser submetido a
uma revista internacional (Quaternary International), em parceria com os
pesquisadores Oswaldo Baffa, Angela Kinoshita, Ana Maria Graciano
Ribeiro e Ismar de Souza Carvalho relatando a datação por Ressonância
Magnética Eletrônica realizada em dentes de Stegomastodon waringi
(AMEPR1)e de Toxodontinae (AMEPR2 e AMEPR3) obteve os seguintes
resultados: 50.000 ± 10.000 anos antes do presente para o Stegomastodon,
43.000 ± 8.000 anos para o primeiro Toxodontinae, e 9.000 ± 2.000 anos
para o segundo Toxodontinae. Este trabalho já foi apresentado em
congressos na Polônia e na Argentina.
Como descobriu os achados em Baixa Grande?
A
descoberta dos fósseis, ocorrida de forma acidental, nos foi reportada
por Rômulo Fontoura. Nos foi enviada uma foto do material descoberto
inicialmente pelo Sr. João França, proprietário do terreno onde estes
fósseis foram encontrados, questionando se estes seriam pertencentes a
dinossauros, devido ao tamanho dos ossos. Relatamos que não, que eram de
mamíferos. Posteriormente fizemos uma visita ao depósito para estudar
sua viabilidade para que fosse realizado um estudo amplo do depósito. O
depósito se mostrou perfeito para a pesquisa que gostaríamos de
realizar, gerando uma Dissertação de Mestrado, ao longo dos anos de 2008
e 2010, e recentemente uma tese de Doutorado, além de uma monografia de
conclusão de curso.
Qual o prazo final para a pesquisa ?
O
doutorado em andamento deve ser concluído em março de 2014. É difícil
estabelecer uma prazo para a conclusão das escavações, as quais podem se
prolongar por alguns anos após 2014, devido ao tamanho do depósito, a
espera de condições climáticas propícias para serem realizadas as
escavações (durante uma estiagem), além de do ritmo de trabalho durante
as escavação, por vezes muito lento, para que o material, já bem frágil,
não seja danificado durante a coleta. Neste último campo, levamos 3
dias para retirar do depósito uma única peça, tomando todos os cuidados
necessários para que esta não fosse danificada.
A UFRJ poderá ajudar Baixa Grande na implantação de um museu e modelo gestor para o turismo ?
Sim.
Possuímos um grupo de estudo no Departamento de Geologia voltado para o
estudo do patrimônio geológico e paleontológico, e de qual a relação
entre as instituições museológicas e as comunidades locais. Conversei
com o aluno de Doutorado de Programa de Pós Graduação em Geologia da
UFRJ, Wellington Francisco, com uma grande experiência no setor, tendo
realizado duas monografias e uma dissertação de mestrado sobre o
assunto. Na atualidade, este pesquisador estuda o Parque dos
Dinossauros, em Souza na Paraíba. Após contactá-lo, demonstrou grande
interesse em participar da implementação de um projeto museológico para
Baixa Grande. O email deste pesquisador é tonlingeo@yahoo.com.br.
Nós da UFRJ ficamos muito
contentes com o interesse demonstrado pela prefeitura de Baixa Grande
nestes achados, e esperamos trabalhar em parceria tanto nas futuras
expedições quanto na implementação do projeto museológico para o
município, divulgando desta forma tanto o município, quanto a ciência
paleontológica. Abaixo algumas fotografias de alguns dos fósseis
encontrados e do árduo trabalho de escavação.
Atenciosamente,
Ricardo da Costa Ribeiro
MSc em Geologia pela UFRJ, Doutorando em Geologia, bolsista da CAPPES
Fonte: www.agmarrios.com.br
Fonte: www.agmarrios.com.br
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