Em uma denúncia enviada a nossa redação, uma pessoa se mostra preocupada com a situação de saúde de uma criança do distrito de Novo Paraíso. Identificada pelas iniciais SVG de J, a menina tem cinco anos, e foi acometida de uma bicheira na cabeça que tomou proporções preocupantes devido a falta de providências por parte da mãe, e ao primeiro atendimento médico dispensado à criança no Hospital Antônio Teixeira Sobrinho , em Jacobina. O caso aconteceu mês passado mas só agora veio a público.
Segundo o denunciante, o primeiro atendimento aconteceu de 14 de abril, um sábado, e mesmo com a cabeça infestada por bernos, e tendo sido encaminhada pelo posto de saúde do Paraíso, o médico de plantão, que segundo o denunciante era o Dr Rômulo, disse que não poderia atender a criança enquanto ela não cortasse o cabelo. A essa altura, relata a denúncia, a criança já exalava mau cheiro devido ao foco de berno no alto de sua cabeça, mas mesmo assim ela foi enviada de volta ao Paraíso.
Na segunda-feira, dia 16/4, preocupada com a situação da criança, uma das tias da menina pegou uma tesoura comum e cortou o seu cabelo em casa mesmo, e se desesperou com o que viu. Chorando, a tia correu com a menina no colo até o Posto de Saúde do Paraíso novamente, e a agente de saúde, assustada com o que viu, enviou às pressas a criança de novo ao Hospital Antônio Teixeira, pois o Posto de Saúde não tinha estrutura para atender a criança naquele estado. O denunciante diz que, ao chegar no Hospital na segunda, mais uma vez a criança teve dificuldades no atendimento, pois a recepcionista teria alegado que não poderia dar entrada na ficha da menina porque ela estava sem documentos, mesmo com a criança exalando mau cheiro da cabeça e a bicheira já a vista, o que demonstrava ser um atendimento de emergência, no ponto de vista da pessoa que fez a denúncia. O que chama a atenção neste momento é que, segundo o denunciante, até aí, mesmo se tratando de uma criança em situação de risco, em nenhum momento o Conselho Tutelar da cidade foi acionado. Somente após uma ligação feita por uma pessoa que viu a cena na recepção, foi que o Conselho Tutelar teve ciência do caso. Segundo a denúncia, quando a equipe do hospital soube que os Conselheiros estavam indo para lá foi que a criança então foi colocada para dentro da unidade de saúde.
Quando a equipe do Conselho chegou no hospital e procurou saber detalhes sobre o caso, a equipe disse que já estava tudo sobre controle, que não era nada grave e que a menina já estava sendo atendida. Mesmo assim a coordenadora do Conselho Tutelar insistiu para ver a menina. Apesar da resistência da equipe do hospital, a conselheira foi levada até a sala onde a menina estava sendo atendida, e no relato do denunciante, a coordenadora se desesperou com o que viu.A cabeça da menina tinha um enorme foco de berno e estava infestada de piolhos. A conselheira pediu esclarecimentos sobre o caso e , segundo a denúncia, o medico teria dito que era um caso simples, que a bicheira seria tratada com medicamentos e a menina poderia voltar pra casa, ficando com a responsabilidade de voltas ao hospital todos os dias para fazer revisão da ferida.
Segundo consta , a conselheira tutelar teria argumentado que achava que a menina teria que ser internada, mas como não era profissional da área de saúde não iria questionar o diagnóstico de um médico, no entanto exigiu que as pessoas que estavam com a criança se responsabilizassem a trazê-la de volta para dar continuidade ao tratamento. Mas o que não se esperava é que a situação da criança iria piorar.
Segundo a denúncia , assim que chegou no distrito do Paraíso, a menina começou a passar mal e teve que ser trazida de volta ao hospital onde , segundo consta, foi internada, e mais uma vez o Conselho Tutelar não foi informado da situação. Os conselheiros só vieram a saber do internamento quando chegaram na casa da família no Distrito do Paraíso, em uma visita surpresa para conhecer a situação em que a criança vivia. Durante a visita no Paraíso a equipe do Conselho ficou chocada com o que viu na casa onde a menina mora. Um ambiente totalmente insalubre, sujo, com mobília precária, banheiro imundo, sem vaso sanitário, só um buraco no chão, e sujeira por todos os lados. Imagens que chocaram a equipe do conselho. Lá eles ficaram sabendo também que a criança tem mais cinco irmãos que vivem neste ambiente.
Preocupados com a menina, a equipe retornou a Jacobina e foi direto ao hospital saber como ela estava. Segundo consta na denúncia, houve resistência em deixar a equipe entrar no HATS por não estar em horário de visitas mas a equipe fez valer suas prerrogativas e foi levada até o local onde a menina estava internada, e mais uma vez a coordenadora do conselho se revoltou com o que viu. A menina não havia recebido atendimento e foi encaminhada direto para internamento. O lençol estava infestado de piolho e manchado do sangue que escorria da bicheira aberta na cabeça . A conselheira, revoltada, brigou com o pessoal de plantão e uma das enfermeiras ameaçou chamar a segurança para lhe retirar a força do hospital. A coordenadora do Conselho questionou mais uma vez porque o conselho não foi informado que a menina teria voltado para o hospital após passar mal e a resposta que ela teve de uma das Assistentes Sociais do HATS é que elas não tinham nenhuma obrigação de avisar nada ao Conselho Tutelar. Cida, a coordenadora, entrou em contato com o diretor do hospital e pediu que ele viesse urgente ao Antônio Teixeira para acompanhar o caso, isso já era por volta das 20h30 da noite da terça. Ao chegar ao nosocômio, Alisson Fontes, diretor do HATS, teria relatado que não havia sido informado do caso , mas afirmou que todas as providências seriam tomadas para que a menina tivesse o melhor atendimento possível. Após o compromisso firmado, a equipe do Conselho Tutelar deixou o Antônio Teixeira. Na quarta pela manhã os conselheiros voltaram ao hospital , onde foram informados que uma equipe médica já estava tratando a menina. Segundo consta, mais de 300 bernos foram tirados de sua cabeça, e ela continua internada no hospital até o momento.
Segundo o denunciante, a preocupação imediata é com a situação da menina, que segundo consta, já teria recebido alta médica, mas o denunciante acha que ela não deve voltar para casa, devido ao histórico da mãe. As outras crianças também foram retiradas da casa da mãe e estão na casa de parentes. O denunciante diz também que uma das meninas, uma pré adolescente, estaria na casa de um pastor do distrito, caso que, segundo a denúncia, tem que ser acompanhado também de perto pelo Conselho Tutelar.
Entramos em contato com o conselho Tutelar de Jacobina e este nos confirmou todo o teor da denúncia e afirmou que continua acompanhando o caso e está providenciando um local para que a menina seja acolhida. Sobre as outras crianças a coordenadora do conselho disse que todas estão sendo monitoradas. A coordenadora do Conselho Tutelar afirmou também que este caso ainda terá outros desdobramentos. A família, por exemplo, principalmente a mãe, terá que explicar o que exatamente aconteceu para que a criança fosse submetida a essa situação desumana.
Segundo o denunciante, o motivo dele trazer este fato à tona é , primeiro, cobrar das autoridades que investiguem os fatos aqui relatados. Porque esta criança teve que penar tanto para receber atendimento. Por que o conselho Tutelar não foi acionado pelo hospital? Por que o médico, diante uma situação tão grave, mandou a menina de volta pra casa para cortar o cabelo? Será que ele não sentiu o mau cheiro, não viu a bicheira na cabeça da menina e não deduziu que ela corria risco iminente? Onde estava a mãe desta criança que permitiu que isso acontecesse? São perguntas que, segundo o denunciante, tem que ter resposta. O denunciante pede também que o Ministério Publico acompanhe este caso, e avalie o atendimento prestado a essa menina no hospital Antônio Teixeira, e também acompanhe o destino desta criança daqui por diante.
Tentamos contato com o diretor do hospital , Alisson Fontes para saber o posicionamento do HATS sobre as denúncias. Fomos várias vezes ao hospital e não o encontramos. Conseguimos contato com ele por celular mas quando relatava-mos o caso a ligação caiu. Ele teria nos dito pouco antes que estava em trânsito para a capital. Voltamos a ligar mas o celular estava fora de área.
Nossa redação se coloca a disposição do hospital para qualquer esclarecimento sobre a denúncia, caso achar necessário.
Emerson Rocha / Bahia Acontece
Banheiro da casa |
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